O enredo superou minhas expectativas.
É uma produção independente muito bem escrita e representada por atores como: Dakota Fanning (que mesmo jovem faz uma super atuação como personagem principal), Paul Bettany e Queen Latifah! A história se passa nos anos 60 e tem foco na segregação racial nos Estados Unidos nesta época..
.Decidida a fugir da solidão, e do relacionamento complicado com o pai, T. Ray (Paul Bettany), Lily (Dakota Fanning) foge de casa com sua empregada Rosaleen (Jennifer Hudson) e segue a única pista que pode levar ao passado de sua mãe numa pequena cidade do interior.
O ano é 1964, Lily (14) junto com sua empregada, viaja para a tal cidade na Carolina do Sul, atrás das respostas sobre o antigo segredo de sua mãe que morreu em um acidente... Nessa cidade ela encontra August (Queen Latifah), a mais velha das irmãs Boatwright, dona de um tradicional apiário [é lá que Lily conhece A Vida Secreta das Abelhas, por isso o nome...] da cidade e que também encontra as respostas que tanato queria.
Na trama o racismo é apenas um dos assuntos abordados. Mas, a todo momento percebemos os traços de uma sociedade dividida em "raças", negros e brancos vão ao cinema em sessões separadas por exemplo... O filme evidencia o preconceito e a humilhação sofrida naquela época pelos negros e a força e união desses que viveram neste período.
A trama central gira em torno de Lily,( Dakota fanning) que tem lembranças reprimidas sobre "acidente" que provocou a morte da mãe, da qual sente-se culpada. Seu pai esconde a verdade dela e também a trata com negligência e desafeto , o que provoca sua fulga em busca da verdade sobre a Mãe.
Muito do encanto do filme se dá pela riqueza e excentricidade dos personagens e suas respectivas histórias. Por exemplo, as irmãs apicultoras da linda casa rosa que acolhem Lily são nomeadas de acordo com os nomes dos meses quentes do hemisfério norte: (August, June e May) e são atuantes ativas na luta de sua gente e membros ativos da comunidade geral da cidade.
A sensível May, por exemplo é uma pessoa com necessidades especiais advindas de um grande trauma de infância: a morte de sua irmã gêmea( April), o que a levou a um trastorno de personalidade. Esta nos cativa com sua simplicidade e sentimentos fortes, sendo engraçada em certos momentos e melancólica em outros. August a líder de família, e irmã mais velha transmite toda uma força e uma áurea de respeito que só as grandes mulheres possuem. Aliada a essa grande força, August também revela seu lado doce e humano, uma sensibilidade extrema.
Junto com as irmãs mantém uma fazenda de apicultura e sustenta a economia local com o negócio. Já June, é um grito de independência e rebeldia e trás a beleza de sua cultura e seu orgulho disso.
O filme é cheio de cenas marcantes e marcadas por altas emoções e simbolismos, como a "igreja" que é mantida pelas irmãs apicultoras: onde estas se reúnem e falam sobre a "Maria Negra" que fora encontrada na água.
Momento emocionante quando Lily vai ao cinema e entra na cessão destinada aos negros para ver o filme com Zach Taylor (Tristan Wilds) e este é "raptado" e espancado por sair com uma garota branca: Lily.
Esta culpa-se pelo sequestro de Zach e também pelo suicídio de May, que não suportando tanta dor e sofrimento após o "sequestro" de Zack, pratica suicídio num rio perto da casa. Lily sente-se incapaz de despertar amor nas pessoas.
... Outro ponto é o pseudo-romance de Lily e Zach Taylor, marcado pelo encanto do "primeiro amor" mostrando um relacionamento inter-racial repugnado pela sociedade da época... O caso da sessão de cinema e o rapto, muda Zach para sempre e Lily também. Enfim, A Vida Secreta das Abelhas é uma boa pedida e um acréscimo cultural e histórico sobre o período, sem falar de ser emocionante e super bem feito e com atores pra lá de bons! Um enredo surpreendente e cativante.
Vale a pena conferir! Um filme marcado por emoções que nos tocam profundamente!
Uma parte muito interessante do filme e sobre a personagem May.
May tinha uma irmã gêmea chamada April da qual segundo todos, elas tinham dois corpos que partilhavam da mesma alma, quando uma apanhava, a outra ficava com hematomas, quando uma sentia dor de dente, a outra ficava com a boca inchada, tudo que uma sofria a outra sentia.
Um dia, April faleceu e foi como se o mundo inteiro tivesse se tornado a irmã gêmea de May, todo sofrimento que ela tomava conhecimento, transformava-se numa dor insuportável.
As outras irmãs, muito preocupadas com a situação de May, tiveram a idéia de criar um “Muro das Lamentações”, toda aflição que ela sentia, era feito um bilhetinho e colocado no muro das lamentações, isso a fazia sentir um pouco de alívio.